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Boletim – “Preços elevados e mudanças climáticas dificultam dietas saudáveis e sustentáveis”

Alimentar-se de forma saudável e sustentável no Brasil tornou-se mais difícil devido a dois obstáculos interligados: o aumento dos preços e os impactos das mudanças climáticas. Em reportagem veiculada no Jornal da USP no Ar em 4 de agosto de 2025, a pesquisadora Thais Caldeira, da UFMG e integrante da Colansa (Comunidade de Prática América Latina e Caribe Nutrição e Saúde), destaca que a dieta saudável e sustentável custa, em média, R$ 12 por dia — supera a dieta atualmente mais comum, que custa cerca de R$ 11 por dia.

Dados do IBGE, citados na reportagem, mostram que 53,4% das calorias consumidas pelas pessoas com 10 anos ou mais de idade vêm de alimentos in natura ou minimamente processados, enquanto 19,7% são originadas de alimentos ultraprocessados, como biscoitos e margarina.

A pesquisadora afirma que, para uma dieta saudável, os maiores custos estão relacionados a frutas e hortaliças, enquanto que dietas menos nutritivas encarecem principalmente devido ao consumo de carnes vermelhas e ultraprocessados. Além disso, eventos climáticos extremos — secas, inundações, ondas de calor — têm reduzido a oferta de alimentos vegetais e encarecido itens como café e azeite, que atingiram preços recordes em 2025.

Por que isso importa agora?

A alimentação saudável, definida como variada, equilibrada e baseada em produtos in natura ou minimamente processados, é um pilar da saúde, conforme orienta o Ministério da Saúde, além de ser componente essencial de uma dieta sustentável, com menor impacto ambiental.

Desde 2017, os preços dos alimentos saudáveis no Brasil vêm registrando aumento expressivo. Um relatório da Agência Brasil apontou que esses preços subiram cerca de 32% até 2022, intensificando o impacto sobre os orçamentos das famílias de menor renda.

Em contrapartida, estudos acadêmicos mostram que dietas baseadas em plantas, como aquelas preconizadas pelo Guia Alimentar para a População Brasileira ou pela EAT‑Lancet, podem ser mais acessíveis e gerar menos impacto ambiental do que os padrões alimentares atuais. Wikipédia

Isso sugere que, embora saudáveis e sustentáveis, essas dietas ainda enfrentam barreiras de preço e infraestrutura nos contextos socioeconômicos atuais.

Impactos para a saúde pública e individual

O aumento dos preços e a variabilidade causada por mudanças climáticas ameaçam a segurança alimentar e nutricional — principalmente para populações mais vulneráveis. Quando alimentos frescos e nutritivos se tornam caros ou escassos, muitas famílias acabam consumindo mais ultraprocessados, cujos custos são menores e maior disponibilidade, mas que elevam os riscos de obesidade, hipertensão e diabetes.

A desigualdade socioeconômica é agravada diante dessa realidade: famílias de menor renda sentem com mais impacto o aumento dos alimentos saudáveis, enquanto as de maior renda conseguem absorver os custos com menos impacto no orçamento.

Além disso, os eventos climáticos extremos — como os registrados nos últimos anos — prejudicam a produção agrícola, pressionam os preços e podem reduzir o acesso aos nutrientes essenciais, impactando a saúde física e mental. Isso reforça a urgência de sistemas alimentares resilientes e políticas públicas que garantam acesso à alimentação nutritiva e sustentável.

Prevenção e cuidados

Diante desse cenário, é possível adotar estratégias práticas para manter uma alimentação saudável sem comprometer o orçamento:

  • Comprar alimentos da estação: frutas e hortaliças locais são mais baratas, impecáveis do ponto de vista nutritivo e reduzem custos logísticos e ambientais.
  • Priorizar proteínas vegetais: como feijão, lentilha e grão-de-bico — são mais acessíveis, nutritivas e promovem sustentabilidade.
  • Aproveitar promoções e feiras locais: fuja dos ultraprocessados; valorize feiras agroecológicas e cooperativas que oferecem alimentos frescos com preços justos, muitas vezes diretamente do produtor.
  • Reduzir o desperdício: siga planejamento de refeições, aproveite talos e cascas quando possível. O desperdício de alimentos é um dos maiores responsáveis pelas emissões de carbono no Brasil. Wikipédia
  • Seguir diretrizes sustentáveis: adotar o princípio “menos carne, mais variedade” (menos, mas melhor), reduz impacto ambiental e pode baixar o custo da alimentação.

O estudo de Thais Caldeira reforça que o acesso a uma alimentação saudável e sustentável não é uma questão apenas de escolha individual, mas também de políticas públicas robustas e de resiliência diante das mudanças climáticas. Para promover saúde, igualdade e cuidado com o planeta, é fundamental combinar informação, apoio comunitário e prática consciente na hora de alimentar-se.

Compartilhe este boletim com amigos e familiares — especialmente com quem acredita que comer bem sempre custa mais. Informação de qualidade é um passo poderoso para transformar hábitos e construir uma dieta mais sustentável, nutritiva e acessível a todos.

📌 Informação importante: Este boletim é de caráter informativo e utiliza como base reportagens e dados de órgãos oficiais e de pesquisa. As informações aqui apresentadas não substituem acompanhamento médico ou nutricional individual.

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